sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

A beleza da maturidade

 




Um dia fui criança, todos olhavam para mim, admirando meus gestos e brincadeiras, minha beleza e alegria;

Fui adolescente, gostava de festas, namoro e boas amizades. Todos viam em mim a beleza da juventude, os sonhos e esperanças nos olhos.

Amadureci com o casamento, com os filhos e netos, os anos se passaram, nem me dei conta.

A beleza que viam em mim deu lugar as marcas do tempo, do esquecimento e da solidão.

Ah, mais isso não me desanima, pois a vida que vivi me deu muitos motivos para me alegrar. Os meus cabelos brancos brilham e refletem a luz do sol que refaz as esperanças a cada amanhecer. 

Cegos são os que não veem na velhice a marca da sabedoria e do amor. Ultrapassados são os que pensam que nunca ficarão velhos.


E você, vai desanimar?


Vai ficar parado enquanto a vida te dá chances de viver?

Viva, ame, sonhe e faça a diferença assim como o grande Mestre Jesus nos ensinou com seus gestos de amor e carinho.
 


sexta-feira, 21 de junho de 2013

A produção do conhecimento: uma questão relevante na atualidade






Em todas as áreas do conhecimento é importante um desvelamento da realidade em que se está inserido. Nesse processo, cabe aos agentes da produção do conhecimento um constante questionamento e não aceitação da realidade. É de suma importância buscar compreender os traços e fundamentos daquilo que até então baseiava-se num conhecimento ainda a priori, advindo do senso comum, portanto, obscuro e ineficiente para responder as indagações surgentes.
No Serviço Social, pensar em produção do conhecimento e em pesquisa é pensar numa atualização das bases intelectuais, técnico-operativas, interventivas e numa crítica a cerca da realidade vivenciada pela profissão nos mais diferentes ramos da sociedade. É  pensar a prática a partir de uma visão ampla e societária. Esta tarefa não é fácil, tendo em vista que a profissão é relativamente nova, sendo ainda perpassada por características conservadoras e positivistas, de manutenção da realidade vigente.
O processo de reconceituação[1] da profissão foi importante nesse processo, pois, proporcionou aos profissionais um crescimento no campo da pesquisa e um aprofundamento de questões relativas à sociedade e suas múltiplas facetas, além de analisar e pesquisar sobre as práticas profissionais, trazendo preocupações antes não discutidas, produzindo assim conhecimento.
Com a ofensiva neoliberal e constante crescimento das manifestações da questão social, o serviço social inserido dentro de um contexto antidemocrático, capitalista e excludente, viu-se inebriado de concepções incapazes de responder as demandas que surgia, uma “crise de paradigmas” toma a cena política. Pesquisar tornou-se para a categoria uma questão fundamental, pois, novos profissionais entram no mercado de trabalho todos os anos e estes precisam cultivar uma linha investigativa constante, desde a graduação até o mestrado e o doutorado, buscando nestes não somente atingir uma necessidade mercadológica, mas sim um aprofundamento de questões relativas a profissão e as demandas que a cercam.
Uma postura crítico-dialética torna possível uma relação de análise e diálogo sobre a realidade, agora não cabe uma aceitação do que é tido como realidade histórica, é preciso refletir, questionar e buscar respostas a esta realidade dada, romper os muros impostos pelos defensores de uma acriticidade e demasiada preguiça intelectual. A intervenção necessita assim de uma base teórica rica e alicerçada, não basta à operacionalização, a prática pela prática, uma manipulação da realidade. Cabe agora um constante crescimento e aperfeiçoamento dos grupos de pesquisa e extensão, proporcionando a eles elementos financeiros e teóricos suficientes para o avanço necessário. Não se limitar a apenas publicar, enumerar e socializar resultados, através de periódicos como a “Revista Temporalis” e a “Serviço Social e Sociedade”, mas ampliar esta rede de partilha e aperfeiçoamento dos conhecimentos gestados através da pesquisa e impulsioná-la.   
A tarefa da pesquisa e produção do conhecimento não apenas se limita a preparar e a capacitar para o mercado de trabalho, como deseja o grande capital, cabe a estas contribuir para uma sociedade mais crítica e reflexiva. Dessa forma, as ideias e as obras de Marx proporcionam ao serviço social uma capacidade de entender a realidade como transformação histórica e social. Buscar o eixo capaz de responder as interlocuções que surgem no seio da profissão, perceber a força do capitalismo e as transformações no mundo do trabalho.
No cenário vivenciado pela profissão nos últimos anos, percebemos um nítido crescimento na pesquisa, principalmente na pós-graduação, nos cursos de mestrado e doutorado, há uma preocupação em formar profissionais adequados ao mercado nacional e estrangeiro, atualizados tecnicamente, prontos para o recrutamento de mão de obra qualificada.
Guerra 2011 assim afirma: 

É importante ressaltar que a critica da pós-graduação no Brasil obedece à mesma lógica de tantos outros processos históricos do Brasil e de outros países da América Latina: foi criada pelo alto, para atender aos interesses de uma burguesia nacional e, sobretudo, estrangeira. (GUERRA, 2011, p.129) 

Ainda é tímido o processo de formação voltada a uma postura crítica e renovadora do modelo adotado pela burguesia capitalista. Conhecimento aqui não é sinônimo de saber, este último torna o indivíduo capaz de ultrapassar as barreiras impostas pelos modelos majoritários, e esta é a função primordial do exercício investigativo, nunca se contentar com o que se apresenta como sendo o real. Há sempre uma barreira a ser vencida, e esta nos é possível através da razão investigativa, capaz de iluminar o obscuro caminho da ignorância intelectual da sociedade capitalista.
Não podemos permitir que o modelo proposto nos últimos anos para a educação, motive a formação e a pesquisa a serem meros intermediários, fios condutores de um conhecimento meramente fracionado, bitolado e especificamente voltados ao treinamento de soldados para o mercado de trabalho. Esses soldados vem aumentando devido ao incentivo da política educacional aos cursos via Reuni e Prouni[2], em que abre-se um campo de oportunidades para todos, muitas vezes sem levar em consideração a capacidade dos discentes e docentes que irão compor esse exército. Precisamos de profissionais capacitados e não de números expostos em tabelas quantitativas que não transmitem a realidade do conhecimento gestado através do ensino, da pesquisa e da extensão em nosso meio intelectual. É preciso romper esse muro.
Essa lógica quantitativa é imediatista, fracionada e mercadológica, características fundamentais para o avanço do mercado, e isto muitas vezes influencia nas linhas de pesquisa fornecendo um suporte financeiro ou o negando. Segundo Santos (2007, p. 29) “Tudo é cada vez mais mercantilizável, inclusive os males que o próprio capitalismo produz”.
A lógica do lucro e da ganância leva a um mercado negro, em que o papel vale mais do que o conhecimento adquirido, e para isso se vai as últimas consequências, vende-se trabalhos, teses dissertações, artigos e tantos outros, no intuíto de dá uma resposta imediata a uma sociedade corrupta, em que somente os políticos são tidos como tal, quando gestos como esse acontecem corriqueiramente. Não basta provar que sabemos ou aprendemos algo através de papéis, é preciso nunca se contentar com o hoje e com o agora, é antes de tudo aperfeiçoar o conhecimento adquirido, galgar o saber e o transmitir num gesto de continuo aprendizado de si mesmo.  

                
Referências
GUERRA, Iolanda. A Pós-Graduação em Serviço Social no Brasil: um patrimônio a ser preservado. Revista Temporalis, Brasilia (DF), ano 11, n.22, p. 125-158, jul./dez. 2011.
Tavares, Maria Augusta, "A pesquisa no Serviço Social: a propósito do método", Temporalis, 19, 87-96.
SANTOS, Josiane Soares. Neoconservadorismo Pós-Moderno e Serviço Social Brasieliro. São Paulo: Cortez, 2007.
SIMIONATO, Ivete. Os defafios na pesquisa e na produção do conhecimento em Serviço Social. Revista Temporalis, Brasilia (DF), ano V, n.9, p. 51-61, jan./jun. 2005.
TAVARES, Maria Augusta. A Pesquisa em Serviço Social: a propósito do método. Revista Temporalis, Brasilia (DF), ano 10, n.19, p. 87-96, jan./jun. 2010.
YASBEK, Maria Carmelita; SILVA, Maria Ozanira da Silva. Das origens da profissão: a construção da Pós-Graduação em Serviço Social. IN: Serviço Social, Pós-Graduação e produção de conhecimento no Brasil. São Paulo: Cortez, 2005. p. 25-41.


[1] Destaca-se nesse período a contribuição de Marilda Iamamoto e José Paulo Netto, anos 80 e 90.
[2] Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais e o Programa Universidade para Todos.