Na
historia da humanidade, o homem sempre esteve dividido entre duas vertentes que
o direciona: aquilo que está posto e aquilo que deveria ser. Com isso, a
escolha de cada um implica automaticamente na vida do outro e os movimentos
sociais contribuem para que o que está posto seja questionado e criticado
através de uma postura de contestação e protesto.
Os
movimentos sociais ganham força com a Revolução Industrial[1] em 1789 e se espalham por
todo o mundo como alternativa para a luta por melhores condições de vida, seja
no campo social ou político. O sistema feudal já não tinha mais poder na
sociedade, suas regras e costumes não ditavam mais as regras econômicas e
religiosas, tendo em vista que nesse período a Igreja Católica começa a perder
sua hegemonia religiosa e ideológica.
Uma
característica importante dos movimentos sociais é a ação coletiva, isto é, o
ato coletivo é quem dita e rege toda ação estratégica que é tomada como foco
rumo ao objetivo esperado.
É
nesta linha que se destaca, demonstra seu importante papel como meio
transformador e modificador de uma realidade social conflitante. Sendo assim,
tem-se importância de que um ato solitário não tem o mesmo poder de que quando
a união de varias forças se junta com o mesmo ideário de luta.
Diante
disso, trazemos Karl Marx[2] e Friedrich Engels[3] para esta discussão, eles
que foram importantes defensores e incentivadores das lutas sociais, isto é,
eles com seus pensamentos alimentaram o desejo da classe operaria para lutar
por seus direitos, por melhores condições de trabalho.
[1]
A Revolução Industrial consistiu em um conjunto de mudanças tecnológicas
com profundo impacto no processo
produtivo em nível econômico e social. Iniciada no Reino Unido
em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir
do século XIX.
[2]
Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio
de 1818
— Londres,
14 de março
de 1883)
foi um intelectual
e revolucionário
alemão,
fundador da doutrina
comunista moderna, que atuou como economista,
filósofo,
historiador,
teórico
político e jornalista.
[3]
Engels nasceu em Barmen, 28 de novembro de 1820 e morreu em Londres, 5 de agosto de 1895 foi um teórico revolucionário alemão que junto com Karl Marx fundou o chamado
socialismo
científico ou marxismo. Ele foi
coautor de diversas obras com Marx, sendo que a mais conhecida é o Manifesto
Comunista. Também ajudou a publicar, após a morte de Marx, os dois
últimos volumes de O
Capital, principal obra de seu amigo e colaborador.
CONTRIBUIÇÕES
CONTRIBUIÇÕES
Desde
os primeiros escritos, Marx ao dizer que “a história da sociedade até aos
nossos dias é a história da luta de classes”. já sinalizava uma
vertente critica, se posicionava a favor de uma classe, que até então era tida
como explorada e destituída de muitos direitos. A classe operaria os
proletários, deveriam LUTAR, não se render ao sistema capitalista e suas
imposições, pois “a burguesia permite ao proletariado uma única usurpação: a da
luta”.
As
transformações no mundo do trabalho deveriam acontecer, para que aqueles que
estão na base da pirâmide pudesse ascender e ter seu lugar ao sol da mesma
forma que os capitalistas o tem.
Aos
operários não restava outra escolha: ou morriam de fome ou iniciavam uma luta.
Responderam, em 22 de junho, com imensa insurreição na qual se travou a
primeira grande batalha entre ambas as classes em que se divide a sociedade
moderna. Foi uma luta pela manutenção ou destruição da ordem burguesa. O véu
que encobria a republica rasgou-se. (MARX, 1818-1850, p. 92)
O
conflito era inevitável, pois de um lado estavam aqueles que detinham todo o
poder e o capital e do outro aqueles que possuíam exclusivamente sua força de
trabalho que era explorado e desvalorizado.
Com
a ascensão da classe operaria e consequente perda do poder aconteceria uma
libertação da classe operaria do jugo dos opressores. Uma sociedade igualitária
onde todos tenham os mesmos quinhões não duraria por muito tempo, isto se dá
também por ser o consumo destes diferenciado, alguns começariam a guardar e
acumular o que com o tempo provocaria uma ascensão de alguns, semelhante aos
sistemas do passado como o absolutismo, escravismo e feudalismo.
O
homem seria livre quando não depende de um trabalho assalariado, imposto pelo
capitalista que dita às regras e deveres, não permitindo ao operário a
liberdade de se expressar diante daquilo que foi estabelecido nos contratos de
trabalho. O vinculo empregatício, assalariado não mais determinaria a vida do
operário, tendo em vista que ele teria sido libertado do cárcere da alienação.
Por
outro lado o pensamento de Marx de certa forma alimentou a discórdia e a
rivalidade entre os subalternos e patrões, entre pequenos e grandes. Isto se dá
por ser o poder uma riqueza capaz de ultrapassar todas as esferas da sociedade
e quem o possui jamais quer perde-lo. Este poder está presente desde a política
até a religião influenciando e a vida das pessoas, pois ele é capaz de dividir
e separar até os mais calorosos amigos.
Em
todas as relações humanas ele está presente, e nos movimentos sociais não
poderia ser diferente, é contra ele que se lutar, tentando contestá-lo,
desmistificá-lo.
Claro
que isso em certos momentos é totalmente utópico, pois por trás de um sistema
de poder existe todo um arcabouço de relações e estratégias para a manutenção
de tal modelo. Marx lutou contra isso ao defender seu ponto de vista, permitiu
que situações conflitantes acontecessem ao redor em nome de uma luta ideológica
capaz de modificar a consciência daqueles que no futuro iriam ter contato com
seu pensamento.
Pensar
uma sociedade sem classes, sem o poder do Estado e sem o capital como
manutenção do sistema vigente em detrimento da sociedade que vive a quem, as
margens, seria uma utopia sem tamanho. Este sonho pode ser pensado no século
XIX, pois ai as transformações tecnologias e cientificas não comandavam e
determinavam a vida das pessoas como hoje, o fetichismo e o escravismo comercial
não eram tão determinantes.
No
entanto, a interpretação ao longo dos anos por muitos dos seus seguidores
trouxe para história da humanidade consequências desastrosas, capaz de
aniquilar vidas e sonhos em prol de uma busca desesperada de imposição de um
sistema alienante e excludente, que tinha como mascara a igualdade e a ideia de
um novo rumo.
Esse
novo mundo ideal nos leva a pensar no mundo das ideias de Platão, em que o real
seria apenas uma copia imperfeita daquilo que existe em perfeição num plano
superior. Nesse sentido seria o pensamento de Marx uma ideologia, uma forma
utópica de esperar um mundo mais igualitário, nele todos seriam semelhantes depositários
e recebedores das mesmas dádivas criadas pelos homens.
A
realidade é que enquanto o operário sonha em ganhar o seu salário para suprir
suas necessidades, tendo melhores condições de trabalho, o patrão pensa em
aumentar a jornada de trabalho e diminuir o capital investido em salários. A
mais-valia, assim alimenta o bolso do patrão e escraviza o empregado que se
sente preso ao sistema imposto por pensar que lhe deve favores ou por medo da
demissão.
Nesse
sentido Marx trouxe uma grande contribuição para a sociedade de seu tempo e até
hoje se destaca pela discussão abrangente de seu pensamento. Ele colocou o
homem no centro no mundo do trabalho, deu a ele o seu verdadeiro lugar,
valorizando-o, transformando-o em ser referencial da sociedade em detrimento da
mercadoria produzida, demonstrando que seu lugar não deveria ser um escravo da
sociedade, uma moeda troca que se valoriza conforme a demanda imposta pelo
capitalismo e seu modo de ser destruidor.
Nesse
ponto em destaque Marx saiu um pouco do mundo ideal e foi para o pratico, o
real, onde tudo se transforma e se refaz. Aqui ele deu ao homem o papel de
agente histórico capaz de ele mesmo transformar sua historia através da
consciência de seu lugar na sociedade, fugindo da alienação do pensar e principalmente
do agir.
Outro
ponto que nos leva a refletir no pensamento de Marx é sua concepção de
trabalho. Para ele, trabalho é toda ação que é capaz de transformar a natureza
das coisas, transforma a natureza existente em outra através do ato de seu
trabalho, materializada a partir de sua capacidade teleologia.
APROXIMAÇÕES CONCLUSIVAS
APROXIMAÇÕES CONCLUSIVAS
Diante
de tudo que aqui foi exposto sobre o pensamento de Marx cabe-nos algumas
refutações a cerca de sua contribuição intelectual inovadora para época. Tendo
em vista que o que escreveu foi sim uma nova visão de homem, de trabalho e de
sociedade, isto não quer dizer que tenha sido a mais correta, mas que trouxe um
ponto de relevante importância para o meio social e intelectual.
Ele
pregou uma sociedade utópica e inexistente, um mundo ideal, ao vislumbrar a
mesma sem o Estado, o sistema capitalista e os modos de produção existente. Um
sistema que não se sabe claramente qual seria, pois com a derrocada do
capitalismo milhões de pessoas estariam destruídos, sem rumo, verdadeiros fantasmas
vivos.
Este
novo modelo poderia ser uma versão melhorada do socialismo d e do comunismo
implantados em alguns países ou ainda uma humanização do capitalismo vigente,
em que o homem seria o centro e não a acumulação e o enriquecimento dos grandes
capitalistas a razão de sua existência. Mas penso eu com certeza que essa nova
proposta seria o céu aqui na terra em que os homens viveriam sem ganância,
poder, exploração, numa irmandade digna de um sentimento tão profundo de
sobrevivência pura e sem destruição.
Estes
sentimentos não seriam os religiosos é claro, pois a religião na opinião de
Marx seria o ópio, capaz de retirar a verdadeira noção do real, ou do
imaginário que insiste em si tornar realidade.
O
humanismo marxista esbarra na trajetória vivida por ele, tendo em vista que
enquanto buscava colocar o homem no centro, dignificá-lo, sua família padecia
por seu descaso e constante busca de divulgar e defender seus pensamentos e ideias,
ao ponto de ele mesmo reconhecer sua falha em permitir que os seus padecessem
sofrimentos irreparáveis ao longo da vida.
Somos
produtos da realidade histórica e de suas transformações dinâmicas, não somos
meros arcabouços teóricos, em que a regra de um sistema todo ele coerente é
capaz de dá respostas claras e objetivas.
Pensar
uma realidade tão distante de nossos olhos nos leva a perceber que o utópico
sempre esbarra na pratica, pois alimentamos sistemas, sonhos e paradigmas,
construímos ideologias com o objetivo de sanar nossas deficiências de
compreensão do mundo. Com isso esquecemos que tudo que existe é fruto sim de
uma racionalidade estratégica e gananciosa.
Quando
questionamos o capitalismo e suas manipulações, damos a ele um papel que não
lhe cabe, o colocamos como criador de todas as miserabilidades existentes. É ele
quem cria rege e transforma as regras de sobrevivência da sociedade.
Eu
diria que tudo isso não passa de uma invenção teórica mal infundada, que tenta
tirar do homem seu papel de agente transformador da realidade, que a todo custo
refaz o que está posto de acordo com seu bel prazer. Não é o capitalismo que
destrói o homem e sim é o homem que usa o capitalismo para se destruir de forma
clara e consciente, assinando um atestado de plena colaboração para seu fim
ultimo.
Para
mim Marx foi um homem comum que tentou discutir temas relevantes para época e
que alguns deles ainda se aplicam aos dias atuais, principalmente no que tange
a capacidade de metamorfose do capitalismo. Já como homem deixou a desejar por
sua postura alienada e destituída de sentimentos como caridade e respeito
principalmente aos seus que padeciam ao seu por uma causa que não era sua.
Em
quanto Marx escrevia e questionava a sociedade, o seu mundo desmoronava, pois a
incompetência de ser sustentado durante grande parte de sua vida pelo seu amigo
Engels, que bancava uma vida de leituras e noites debruçadas em livros e tintas
era nítida.
Sendo
assim, é bastante conveniente criticar o capitalismo, o Estado e todo o sistema
vigente, enquanto se tem alguém que banque uma vida de estudos e produções
acadêmicas. Não precisando enfrentar os dias sombrios de trabalho em condições
indesejadas e desfavoráveis a saúde.
A
critica dessa forma flui suavemente, destituída de qualquer cansaço, livre
acima de tudo sem amarras ideológicas, capaz assim de fazer um percurso
itinerante entre o bem e o mal, o rico e o pobre, entre o real e o utópico sem
compromisso com a práxis da vida cotidiana.
O grito fluirá com
força e vontade, sem medo de faltar o pão e o leite da mesa: “operários do
mundo todo uni-vos”.
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