quinta-feira, 25 de outubro de 2012

ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES DE KARL MARX E FRIEDRICH ENGELS PARA AS LUTAS SOCIAIS

INTRODUÇÃO

Na historia da humanidade, o homem sempre esteve dividido entre duas vertentes que o direciona: aquilo que está posto e aquilo que deveria ser. Com isso, a escolha de cada um implica automaticamente na vida do outro e os movimentos sociais contribuem para que o que está posto seja questionado e criticado através de uma postura de contestação e protesto.
Os movimentos sociais ganham força com a Revolução Industrial[1] em 1789 e se espalham por todo o mundo como alternativa para a luta por melhores condições de vida, seja no campo social ou político. O sistema feudal já não tinha mais poder na sociedade, suas regras e costumes não ditavam mais as regras econômicas e religiosas, tendo em vista que nesse período a Igreja Católica começa a perder sua hegemonia religiosa e ideológica.
Uma característica importante dos movimentos sociais é a ação coletiva, isto é, o ato coletivo é quem dita e rege toda ação estratégica que é tomada como foco rumo ao objetivo esperado.
É nesta linha que se destaca, demonstra seu importante papel como meio transformador e modificador de uma realidade social conflitante. Sendo assim, tem-se importância de que um ato solitário não tem o mesmo poder de que quando a união de varias forças se junta com o mesmo ideário de luta.
Diante disso, trazemos Karl Marx[2] e Friedrich Engels[3] para esta discussão, eles que foram importantes defensores e incentivadores das lutas sociais, isto é, eles com seus pensamentos alimentaram o desejo da classe operaria para lutar por seus direitos, por melhores condições de trabalho.


[1] A Revolução Industrial consistiu em um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. Iniciada no Reino Unido em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX.
[3] Engels nasceu em Barmen, 28 de novembro de 1820 e morreu em Londres, 5 de agosto de 1895 foi um teórico revolucionário alemão que junto com Karl Marx fundou o chamado socialismo científico ou marxismo. Ele foi coautor de diversas obras com Marx, sendo que a mais conhecida é o Manifesto Comunista. Também ajudou a publicar, após a morte de Marx, os dois últimos volumes de O Capital, principal obra de seu amigo e colaborador.


   CONTRIBUIÇÕES


Desde os primeiros escritos, Marx ao dizer que “a história da sociedade até aos nossos dias é a história da luta de classes”. já sinalizava uma vertente critica, se posicionava a favor de uma classe, que até então era tida como explorada e destituída de muitos direitos. A classe operaria os proletários, deveriam LUTAR, não se render ao sistema capitalista e suas imposições, pois “a burguesia permite ao proletariado uma única usurpação: a da luta”.
As transformações no mundo do trabalho deveriam acontecer, para que aqueles que estão na base da pirâmide pudesse ascender e ter seu lugar ao sol da mesma forma que os capitalistas o tem.
                                    Aos operários não restava outra escolha: ou morriam de fome ou iniciavam uma luta. Responderam, em 22 de junho, com imensa insurreição na qual se travou a primeira grande batalha entre ambas as classes em que se divide a sociedade moderna. Foi uma luta pela manutenção ou destruição da ordem burguesa. O véu que encobria a republica rasgou-se. (MARX, 1818-1850, p. 92)
O conflito era inevitável, pois de um lado estavam aqueles que detinham todo o poder e o capital e do outro aqueles que possuíam exclusivamente sua força de trabalho que era explorado e desvalorizado.
Com a ascensão da classe operaria e consequente perda do poder aconteceria uma libertação da classe operaria do jugo dos opressores. Uma sociedade igualitária onde todos tenham os mesmos quinhões não duraria por muito tempo, isto se dá também por ser o consumo destes diferenciado, alguns começariam a guardar e acumular o que com o tempo provocaria uma ascensão de alguns, semelhante aos sistemas do passado como o absolutismo, escravismo e feudalismo.
O homem seria livre quando não depende de um trabalho assalariado, imposto pelo capitalista que dita às regras e deveres, não permitindo ao operário a liberdade de se expressar diante daquilo que foi estabelecido nos contratos de trabalho. O vinculo empregatício, assalariado não mais determinaria a vida do operário, tendo em vista que ele teria sido libertado do cárcere da alienação.
Por outro lado o pensamento de Marx de certa forma alimentou a discórdia e a rivalidade entre os subalternos e patrões, entre pequenos e grandes. Isto se dá por ser o poder uma riqueza capaz de ultrapassar todas as esferas da sociedade e quem o possui jamais quer perde-lo. Este poder está presente desde a política até a religião influenciando e a vida das pessoas, pois ele é capaz de dividir e separar até os mais calorosos amigos.
Em todas as relações humanas ele está presente, e nos movimentos sociais não poderia ser diferente, é contra ele que se lutar, tentando contestá-lo, desmistificá-lo.
Claro que isso em certos momentos é totalmente utópico, pois por trás de um sistema de poder existe todo um arcabouço de relações e estratégias para a manutenção de tal modelo. Marx lutou contra isso ao defender seu ponto de vista, permitiu que situações conflitantes acontecessem ao redor em nome de uma luta ideológica capaz de modificar a consciência daqueles que no futuro iriam ter contato com seu pensamento.
Pensar uma sociedade sem classes, sem o poder do Estado e sem o capital como manutenção do sistema vigente em detrimento da sociedade que vive a quem, as margens, seria uma utopia sem tamanho. Este sonho pode ser pensado no século XIX, pois ai as transformações tecnologias e cientificas não comandavam e determinavam a vida das pessoas como hoje, o fetichismo e o escravismo comercial não eram tão determinantes.
No entanto, a interpretação ao longo dos anos por muitos dos seus seguidores trouxe para história da humanidade consequências desastrosas, capaz de aniquilar vidas e sonhos em prol de uma busca desesperada de imposição de um sistema alienante e excludente, que tinha como mascara a igualdade e a ideia de um novo rumo.
Esse novo mundo ideal nos leva a pensar no mundo das ideias de Platão, em que o real seria apenas uma copia imperfeita daquilo que existe em perfeição num plano superior. Nesse sentido seria o pensamento de Marx uma ideologia, uma forma utópica de esperar um mundo mais igualitário, nele todos seriam semelhantes depositários e recebedores das mesmas dádivas criadas pelos homens.
A realidade é que enquanto o operário sonha em ganhar o seu salário para suprir suas necessidades, tendo melhores condições de trabalho, o patrão pensa em aumentar a jornada de trabalho e diminuir o capital investido em salários. A mais-valia, assim alimenta o bolso do patrão e escraviza o empregado que se sente preso ao sistema imposto por pensar que lhe deve favores ou por medo da demissão.
Nesse sentido Marx trouxe uma grande contribuição para a sociedade de seu tempo e até hoje se destaca pela discussão abrangente de seu pensamento. Ele colocou o homem no centro no mundo do trabalho, deu a ele o seu verdadeiro lugar, valorizando-o, transformando-o em ser referencial da sociedade em detrimento da mercadoria produzida, demonstrando que seu lugar não deveria ser um escravo da sociedade, uma moeda troca que se valoriza conforme a demanda imposta pelo capitalismo e seu modo de ser destruidor.
Nesse ponto em destaque Marx saiu um pouco do mundo ideal e foi para o pratico, o real, onde tudo se transforma e se refaz. Aqui ele deu ao homem o papel de agente histórico capaz de ele mesmo transformar sua historia através da consciência de seu lugar na sociedade, fugindo da alienação do pensar e principalmente do agir.
Outro ponto que nos leva a refletir no pensamento de Marx é sua concepção de trabalho. Para ele, trabalho é toda ação que é capaz de transformar a natureza das coisas, transforma a natureza existente em outra através do ato de seu trabalho, materializada a partir de sua capacidade teleologia.

APROXIMAÇÕES CONCLUSIVAS

Diante de tudo que aqui foi exposto sobre o pensamento de Marx cabe-nos algumas refutações a cerca de sua contribuição intelectual inovadora para época. Tendo em vista que o que escreveu foi sim uma nova visão de homem, de trabalho e de sociedade, isto não quer dizer que tenha sido a mais correta, mas que trouxe um ponto de relevante importância para o meio social e intelectual.
Ele pregou uma sociedade utópica e inexistente, um mundo ideal, ao vislumbrar a mesma sem o Estado, o sistema capitalista e os modos de produção existente. Um sistema que não se sabe claramente qual seria, pois com a derrocada do capitalismo milhões de pessoas estariam destruídos, sem rumo, verdadeiros fantasmas vivos.
Este novo modelo poderia ser uma versão melhorada do socialismo d e do comunismo implantados em alguns países ou ainda uma humanização do capitalismo vigente, em que o homem seria o centro e não a acumulação e o enriquecimento dos grandes capitalistas a razão de sua existência. Mas penso eu com certeza que essa nova proposta seria o céu aqui na terra em que os homens viveriam sem ganância, poder, exploração, numa irmandade digna de um sentimento tão profundo de sobrevivência pura e sem destruição.
Estes sentimentos não seriam os religiosos é claro, pois a religião na opinião de Marx seria o ópio, capaz de retirar a verdadeira noção do real, ou do imaginário que insiste em si tornar realidade.
O humanismo marxista esbarra na trajetória vivida por ele, tendo em vista que enquanto buscava colocar o homem no centro, dignificá-lo, sua família padecia por seu descaso e constante busca de divulgar e defender seus pensamentos e ideias, ao ponto de ele mesmo reconhecer sua falha em permitir que os seus padecessem sofrimentos irreparáveis ao longo da vida.
Somos produtos da realidade histórica e de suas transformações dinâmicas, não somos meros arcabouços teóricos, em que a regra de um sistema todo ele coerente é capaz de dá respostas claras e objetivas.
Pensar uma realidade tão distante de nossos olhos nos leva a perceber que o utópico sempre esbarra na pratica, pois alimentamos sistemas, sonhos e paradigmas, construímos ideologias com o objetivo de sanar nossas deficiências de compreensão do mundo. Com isso esquecemos que tudo que existe é fruto sim de uma racionalidade estratégica e gananciosa.
Quando questionamos o capitalismo e suas manipulações, damos a ele um papel que não lhe cabe, o colocamos como criador de todas as miserabilidades existentes. É ele quem cria rege e transforma as regras de sobrevivência da sociedade.
Eu diria que tudo isso não passa de uma invenção teórica mal infundada, que tenta tirar do homem seu papel de agente transformador da realidade, que a todo custo refaz o que está posto de acordo com seu bel prazer. Não é o capitalismo que destrói o homem e sim é o homem que usa o capitalismo para se destruir de forma clara e consciente, assinando um atestado de plena colaboração para seu fim ultimo.
Para mim Marx foi um homem comum que tentou discutir temas relevantes para época e que alguns deles ainda se aplicam aos dias atuais, principalmente no que tange a capacidade de metamorfose do capitalismo. Já como homem deixou a desejar por sua postura alienada e destituída de sentimentos como caridade e respeito principalmente aos seus que padeciam ao seu por uma causa que não era sua.
Em quanto Marx escrevia e questionava a sociedade, o seu mundo desmoronava, pois a incompetência de ser sustentado durante grande parte de sua vida pelo seu amigo Engels, que bancava uma vida de leituras e noites debruçadas em livros e tintas era nítida. 
Sendo assim, é bastante conveniente criticar o capitalismo, o Estado e todo o sistema vigente, enquanto se tem alguém que banque uma vida de estudos e produções acadêmicas. Não precisando enfrentar os dias sombrios de trabalho em condições indesejadas e desfavoráveis a saúde.
A critica dessa forma flui suavemente, destituída de qualquer cansaço, livre acima de tudo sem amarras ideológicas, capaz assim de fazer um percurso itinerante entre o bem e o mal, o rico e o pobre, entre o real e o utópico sem compromisso com a práxis da vida cotidiana.
O grito fluirá com força e vontade, sem medo de faltar o pão e o leite da mesa: “operários do mundo todo uni-vos”.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário